quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Na calçada da papelaria eu sentei e chorei - Caneta tinteiro, parte 1

(Não faz muito tempo eu comecei a usar canetas-tinteiro, e Lily Carroll me perguntou sobre elas no Instagram, e acho que eu estava devendo um parecer mais detalhado sobre esse tipo de material)

Em meio à saga de desistir das canetas descartáveis e aderir às opções disponíveis, esbarrei na situação em que precisava de algo fino (na espessura do traço), porém ligeiro para arte-finalizar artes ocasionais, e que fosse barato.


Fiquei pensando nas canetas-tinteiro, e não encontrei isso para vender aqui na city. Quando pesquisei o material aqui no Brasil, estava caro (caro para mim, colocando no cálculo um frete daqueles) e restou a opção do AliExpress, o que me exigiu alguns meses de espera (quase seis!).

Ambas são canetas escolares, sendo que a da esquerda é um modelo mais barato.
A da direita é mais resistente e robusta, e tem uma abertura na lateral que permite ver o cartucho de carga.

Sabendo que era um material novo e sabendo que isso tinha tudo para dar errado, eu escolhi 3 canetas: duas escolares baratinhas e uma regular. Uma das baratinhas foi sacrificada em nome da ciência, pois tudo o que eu poderia testar, testei com ela, e seu esforço não foi em vão! Tudo o que eu aprendi sobre canetas-tinteiro, foi com ela e com bastante pesquisa, e estou aqui para compartilhar:

Canetas-tinteiro são recarregáveis, utilizam uma tinta específica (quase sempre solúvel em água, mas as tintas resistentes à água não são incomuns) para elas e a tinta flui do depósito interno para a pena (ponteira) por capilaridade e força da gravidade. A grande característica das tinteiro é que basta tocar a ponta no papel e o traço está ali, e uma peculiaridade é que uma caneta nova tem traço ruim, MAS quanto mais você usa, melhor a tinteiro fica.




O traço da tinteiro é similar ao bico-de-pena, porém na maior parte das vezes é constante. Uma caneta com mais tempo de uso adquire uma pena mais flexível, então você já se sente mais livre para pressionar e variar a linha. Há mais de um tipo de pena, e o meu favorito é o clássico, semelhante a uma flecha. Além das penas comuns (equivalentes a pontas 05 e 07), existem tinteiros com penas de ponta larga (de espessura 08 para cima), que são usadas para trabalhos de caligrafia artística e acabamentos diferenciados.

O carregamento das tinteiro se dá de diversos modos, dependendo do seu modelo e preferência:


  • Válvula interna flexível, que você aperta, expulsando o ar, e mergulhando a ponta da caneta na tinta enquanto solta a válvula, preenchendo o vazio com tinta. Faz sujeira.
  • Válvula de pistão, a mesma ideia de criar um vácuo, mas aqui se utiliza pistão, um parafuso plástico que é girado (a ponta da caneta mergulhada na tinta) até encher o depósito. Faz sujeira.
  • Cartucho de tinta, pequenos tubinhos carregados de tinta, que são encaixados na caneta e descartados quando a tinta acaba. É o tipo de carregamento que eu uso. Não faz sujeira.
  • Injeção de tinta, a caneta é carregada com a ajuda de uma seringa de injeção com tinta líquida no depósito interno. Faz pouca sujeira.


E falando sobre a tinta... Acreditem quando eu digo que levei minha primeira tinteiro ao limite, e que afirmo com segurança que certas coisas não devem ser feitas:

  • Há um tipo de tinta específica para canetas-tinteiro. É fortemente recomendável utilizar este tipo de tinta, pois ela é fina, aquosa e não vai entupir a caneta, ou endurecer facilmente dentro dela.
  • As tintas para tinteiro existem em várias cores, inclusive metálicas. Estas opções existem tanto para a tinta adquirida em frascos quanto em cartuchos.
  • Não dá certo colocar tinta nanquim (profissional ou escolar), OU tinta de pincel atômico, OU tinta de impressora dentro da caneta-tinteiro ou qualquer outra gororoba que a sua imaginação selvagem esteja planejando. Em um primeiro momento você pode tentar e pode achar que deu certo, mas depois vai dar muito ruim. Sim, eu testei e sei do que estou falando.
  • A limpeza é com água. Pode colocar as partes de molho, pode usar no máximo detergente de louça, mas sempre a limpeza será com água. Não desmonte a ponteira (porque o encaixe pode afrouxar com muitas idas e vindas, ou dependendo do tipo, o encaixe pode quebrar) e seque tudo com papel (há quem deixe a caneta toda aberta secando ao longo de uma noite inteira) antes de guardar ou recarregar para o uso.

Acabou? Ainda não! Tem mais observações na Parte 2 deste post! Aguarde!

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