Eu sempre digo que é mais seguro testar seu material antes, saber como o papel se comporta, como a caneta e a tinta reagem sob certas condições, e ter em mente que até com estes testes acidentes e imprevistos podem acontecer.
Sério. Aceite isso. Aceite que seu material às vezes parece estar contra você. Aceite que às vezes a sua arte vai dar errado. Aceite, acima de tudo, o amargo fato que tem dias que a mão amanhece PODRE para desenhar e que o senso crítico foi comprar cigarro e não voltou.
Certo, continuando... Vou usar um exemplo clássico para mim: escolher o material errado para uma ilustração. Eu faço isso sempre, por descuido ou sei lá... Simplesmente acontece. E quando eu digo que escolho o material errado, é errado do naipe de pintar aquarela sobre papel 40 quilos. Vai dar errado? ÓBVIO QUE VAI. Assim como é presumível que vai dar ruim aquarelar um desenho cujo contorno é feito com uma tinta ou caneta solúvel em água.
Mas estamos falando sobre aceitar riscos. Não é um tutorial sobre como salvar um desenho, é mais sobre compartilhar a experiência de contornar o problema sem fazer (muito) drama.
Feitas as honras, este é o meu sketchbook. |
Desta vez eu resolvi fazer algo com este rabisco já sabendo mais ou menos como ele deveria (HAH!) ficar, e é neste ponto que começou o meu vacilo. O rascunho de lápis azul estava/está em um dos meus sketchbooks, justamente um com páginas de papel 40 quilos, que não é muito diferente de uma cartolina barata - e por isso mesmo não é tão espesso e nem de longe adequado para pintar (e pode ter certeza de que eu já testei um monte de coisas nesse tipo de papel!), e menos ainda adequado para pintar uma aquarela.
A fase de rascunho com lápis azul. A foto sozinha é ruim, e o rascunho também! |
A fase de lápis propriamente dito é menos ruim. Mas só um pouquinho menos. |
Vamos brincar mais com a sorte. Fiz os contornos com caneta-tinteiro, que tem um traço bem fino:
Aqui vocês podem ver que eu já havia começado a passar o pincel úmido sobre o contorno! |
Esse dia foi louco... |
E se alguém quer saber, SIM, existem maneiras de fazer você mesmo o seu gesso acrílico, mas isso é assunto para outro post. |
Ainda bem que esse troço não é tóxico, e sai com água. |
Com a base acrílica aplicada, a aparência é a pior possível. |
E para a pintura, o famigerado estojo de aquarela escolar da Acrilex, aquele branquinho infame e baratinho. No meu faltam uma pastilha verde e uma azul, estas são cores que eu quase não uso, e é possível que eu me desfaça do azul e do verde restantes. É aquarela desse estojo xexelento que vou usar e dane-se. O que importa é o resultado.
Onde os fracos não tem vez! :P |
Estes são outros materiais que usei! |
Aí todo mundo quer pegar no bicho Porque o bicho dela é um coelhinho O meu vizinho que é muito atrevido Já anda falando que vai comer o bicho |
Foto estilosa, inclinadinha para o lado para mostrar que manjo dos paranauê. |
Vou deixar também uma sugestão: se você achar que vai dar ruim para o seu desenho, ilustração, tela, etc, fotografe ou escaneie as fases dele, sempre com alta resolução. Fez o lápis, escaneia o lápis; fez a arte-final, escaneia de novo... Deste modo, mesmo que na fase seguinte o seu trabalho leve a pior, você não terá perdido nem a ideia e nem a base - a qual você AINDA pode trabalhar na pintura digital. São coisas simples, que normalmente esquecemos na pressa de terminar, porém valem a pena.
Moral do post: você não precisa se desfazer de um rim para ter um bom resultado com seu material e, principalmente, não precisa surtar se a sua escolha de material te levar por caminhos desconhecidos!
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